Wednesday, July 22, 2009

Avaliação dos cartazes da campanha para a CM Porto










Coligação “O Porto em Primeiro” (PSD/PP)

Significado:
Positivo
No Porto, os cartazes utilizados pela candidatura de Rui Rio (PSD / PP) são um excelente exemplo do impacto que um outdoor pode ter. O cartaz toca na ferida na candidatura adversária e, desde a sua colocação, todos os portuenses, várias vezes por dia, lembram-se que a candidata Elisa Ferreira realiza uma dupla candidatura (o seu ponto fraco do ponto de vista eleitoral). Sem referir a candidata adversária, o cartaz de Rui Rio arrasou Elisa Ferreira.

Composição:
Positivo
As cores sóbrias mas elegantes condizem com a imagem de Rio e a escolha da grava foi muito feliz – dá um brilho discreto e inconsciente à imagem do candidato.

Negativo
A mensagem condiciona o design: “COM OS DOIS PÉS NO PORTO” obrigou a uma figura de corpo inteiro do candidato, situação pouco usual e que não favorece o cartaz.

As cores e o brilho dos logótipos dos partidos morrem no fundo cinza. O designer deveria ter mais atenção e utilizar alguma técnica para aumentar o contraste entre o fundo e os símbolos do partido (um fino contorno branco, por exemplo). Não se percebe porque o “P” de “PSD” está num tom laranja diferentes das restantes letras “SD” .

Avaliação coligação “O Porto em Primeiro” (PSD/PP) (1 a 5)
Significado: 5
Composição: 3,5



Partido Socialista

Significado:
Positivo
A candidatura de Elisa Ferreira começou cedo e bem a sua campanha. Os outdoors são muito felizes e tentam transparecer a candidata como uma mulher do Porto, integrada na cidade e com o município no coração. A mensagem “Porto para todos.” foi bem escolhida e potencia a essas ideias, assim como a composição.

Negativo
A candidatura do PS para a CM Porto é uma campanha CarbonoZero, amiga do ambiente, que assume a responsabilidade pela quantificação e respectiva compensação das emissões directas e indirectas de gases com efeito de estufa durante a campanha. Contudo, este marketing ambiental não tem sido explorado e a mensagem tem passado completamente ao lado. É no entanto uma ideia interessante e com tendência a ser mais valorizado durante a próxima década.

Elisa Ferreira foi traída pelas suas opções e, por muito boa que seja a sua campanha, nunca irá conseguir ultrapassar o facto de ter efectuado uma candidatura dupla: ao parlamento europeu e à CM Porto. Ainda por cima, o adversário soube explorar bem esta fraqueza .

Composição:
Positivo
Baseada em fotografias, a composição está de acordo com a mensagem - em todos os cartazes vemos a candidata a dialogar com o povo e com pessoas de várias faixas etárias. O facto de existirem cartazes diferentes é uma mais-valia, uma vez que a mensagem torna-se mais abrangente e inclusiva.

As dimensões e o formato dos outdoors e das estruturas são inovadores e permitem uma colocação de proximidade (muito útil numa cidade como o Porto) e em vários locais exclusivos, onde não existe nenhum outro cartaz.

Avaliação Partido Socialista (1 a 5)
Composição: 5
Significado: 4,5

Monday, July 20, 2009

Comunicação através de outdoors

Os cartazes não vencem eleições e, devido ao aparecimento de novas formas de comunicação mais dinâmicas e interactivas, o seu impacto no resultado eleitoral têm tendência a reduzir. Contudo, a verdade é que os cartazes ainda são um elemento importante de uma estratégia de comunicação política. É verdade que ninguém ganha eleições apenas pelos seus cartazes, mas certamente perde se não tiver cartazes.

Sendo os tradicionais outdoors ainda uma forma de comunicação importante, quem os elabora e quem os utiliza deve procurar maximizar o seu ROI (return on investment) – aqui o retorno reflecte-se em impacto e aceitação por parte dos eleitores.

Designers, marketers e responsáveis políticos devem saber valorizar um outdoor. A criação de um elemento de comunicação eficaz deve ter em atenção o design e a mensagem política no contexto do panorama político. Ou seja, o sucesso da comunicação depende desde logo da adequação da mensagem (gráfica e semiológica).

Ao longo de várias análises vou tentar identificar casos de sucesso e de fracasso e pontos fortes e fracos dos outdoors utilizados nas diversas campanhas para as autárquicas 2009 no distrito do Porto.

Thursday, July 16, 2009

Candidatos a deputados: a dimensão local e nacional

A constituição de um grupo parlamentar deve obedecer a um equilíbrio entre, por um lado, as vontades locais e as indicações das estruturas distritais e, por outro lado, a vontade e a estratégia da direcção nacional. Rejeito a ideia de que os candidatos a deputados de cada distrito devem ser todos eleitos pelas bases do partido. Um grupo parlamentar eficaz não pode resultar de um conjunto de indicações que não têm qualquer relação entre si.

Contudo, tem que existir cada vez mais uma relação política objectiva e de responsabilidade entre o eleitor e o eleito. Este é um processo fundamental para restaurar o estatuto da Assembleia da República. Este desafio não é só para os partidos, é também para cada um dos deputados que, depois de eleitos, devem manter uma relação com os cidadãos que o elegeram.


A solução passa por um sistema misto: uma percentagem de candidatos a deputados indicada pelas estruturas distritais e uma percentagem dos lugares preenchidos por candidatos escolhidos pela direcção nacional. Contudo, é indispensável que os candidatos indicados pela direcção nacional sejam sempre pessoas que tenham ligações directas aos distritos pelos quais vão ser eleitos.